Na safrinha de 2019 o Paraná foi surpreendido pelo aumento da infestação da cigarrinha do milho, que vem ganhando importância no Brasil, principalmente nos Estados da Bahia, Minas Gerais, Goiás e São Paulo. No Paraná, as regiões de Londrina, Maringá e Toledo tiveram perdas em propriedades produtoras de milho da ordem de 50 a 70 % da produção. Na UDT da Cocamar em Floresta (PR), a tradicional SAFRATEC de inverno, em 2019, foi cancelada em virtude do elevado ataque desta praga que obrigou à destruição de milho a ser exposto nos stands das empresas, mesmo após 30 aplicações de inseticidas de 6 princípios ativos diferentes.
Pensando neste gravíssimo problema, o engenheiro agrônomo e doutor em fitossanidade, funcionário da EMATER Claudinei Antonio Minchio esclarece que numa decisão conjunta com a equipe técnica da COCAMAR, buscou-se formas de se viabilizar o plantio de milho de primeira safra nas dependências da UDT de Floresta (PR), mesmo com a possibilidade de retorno dos problemas causados pela cigarrinha, uma vez que as condições de cultivo contínuo do milho de uma safra para outra, conhecida como ponte verde, poderia propiciar o desenvolvimento da praga para esta safra e o desenvolvimento de doenças conhecidas como enfezamentos do milho transmitidas pela cigarrinha.
Optou-se pelo manejo da cigarrinha com a busca de materiais que pudessem garantir maior tolerância ao ataque da praga, uma vez que foram constatadas diferenças de comportamento entre os híbridos que foram plantados na safrinha de 2019.
Com base nisso, foram plantados 48 híbridos transgênicos e convencionais, em duas épocas de cultivo, 23 de setembro e 5 de outubro de 2019. Optou-se por não se efetuar nenhuma aplicação de inseticidas e fungicidas, para se obter o máximo de cigarrinhas infestantes e daí se verificar a tolerância dos materiais. Os resultados expostos aos produtores e técnicos na SAFRATEC 2020, realizada entre 21 a 23 de janeiro de 2020, indicaram que nas condições da UDT, não houve diferença de ataque de cigarrinha entre os híbridos avaliados.
Para Minchio, os resultados indicaram que o manejo de cigarrinhas iniciados na UDT a partir de julho de 2019, logo após a roçada dos materiais que iriam ser expostos foram efetivos no sentido de reduzir drasticamente a população de cigarrinhas, mesmo que estivessem presente no milho tiguera, tanto dentro como fora da UDT.
Os resultados com os híbridos ainda indicaram que, para o controle efetivo da cigarrinha, o manejo com defensivos químicos pode não ser tão efetivo, uma vez que, mesmo sem nenhuma aplicação de produto inseticida ou fungicida, não houve explosão populacional como se previa. Concluiu-se portanto, que a via do manejo químico pode ser descartada, pois efetivamente em 2019 com 30 aplicações de diferentes inseticidas não houve possibilidade de controle da praga.
Com essas informações foi possível encontrar uma “luz no final do túnel” tanto para técnicos quanto para produtores, uma vez que com o monitoramento da cigarrinha foi possível reduzir em média, de 9 aplicações de inseticidas para nenhuma aplicação, como se pôde constatar, sem redução de produtividade para os diferentes materiais expostos. Com isso, produtores que já
pensavam em desistir do plantio de milho safrinha começaram a se animar vendo que é possível o cultivo com menos custos.
Ainda numa decisão arrojada, nas dependência da UDT já se inicia o plantio de milho de segunda safra nos espaços que não foram ocupados pelos stands, verificando-se aí uma maior confiança nos resultados obtidos, acreditando-se que o “pesadelo” de 2019 com as cigarrinhas tenha passado e que nessa safrinha de 2020 a SAFRATEC irá ser realizada com a certeza de que a praga já não será mais problema. Minchio acredita que, com esses resultados, o Paraná sai na frente a nível de Brasil com uma proposta efetiva e rápida no controle da cigarrinha Daubulus maidis.