A cigarrinha do milho é uma preocupação constante do produtor rural, mas nesta safra a praga veio com ainda mais força. Inclusive nós do portal Sou Agro conversamos com um especialista que explicou o motivo desse aumento de destruição nas lavouras, para ver a reportagem é só clicar AQUI.
Mas o assunto permanece no foco dos produtores todos os dias, por isso, estamos sempre trazendo mais informações sobre a praga que tem tirado o sono dos agricultores. O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Ivênio Rubens de Oliveira detalhou como a cigarrinha causa tantos estragos nas lavouras.
Mas antes de entender toda essa destruição, primeiro vamos conhecer o que é a cigarrinha: “A cigarrinha do milho é um inseto pequeno de quatro milímetros no máximo, uma coloração branca, pode variar até o cinza, mas normalmente a gente vai detectar a presença dela no milho ali na região do cartucho, porque é a região onde tem mais umidade na planta e ela gosta desse aspecto de umidade para sobrevivência. Nesse contexto a gente tem que ressaltar que embora a gente encontre esse inseto em várias plantas, ela só consegue completar o ciclo reprodutivo na cultura do milho. Então ela pode usar outras plantas como hospedeiro para alimentação, até mesmo para refúgio. Mas ela precisa do milho pra completar o ciclo e ter muitas gerações e essas gerações vão aumentando a medida que a temperatura também aumenta. Por isso, quanto mais quente ali em torno dos 25°C em média eu vou ter uma maior população no campo que vai coincidir justamente com esse período da safrinha”, explica o pesquisador.
O principal problema é que a cigarrinha é o inseto vetor que causa os enfezamentos e por consequência, a destruição das plantas: “A cigarrinha se tornou um problema tão sério na safrinha do milho, quase que em todo território nacional. Nós podemos então classificar o efeito da cigarrinha da seguinte forma: ela por si só como praga não é tão problemática, ela vai estar ali succionando seiva nas plantas, mas isso não tem causado tanto prejuízo. Pode ocorrer em algumas situações que em excesso como todo o que ela é causa alguns problemas de fumagina que é um fungo que desenvolve em cima da folha devido a substâncias que essa cigarrinha excreta, mas isso também não é fácil. O problema concentra-se então no fato de que ela é um inseto vetor. O que que significa? Ela carrega patógenos. E esses patógenos que ela carrega e transmite para planta que são muito problemáticos que é o que nós conhecemos como enfezamentos. Porque são dois enfezamentos. Eu tenho um enfezamento pálido e o enfezamento vermelho. Cada um tem seu patógeno específico, mas a cigarrinha carrega os dois para as plantas. Inclusive os dois podem ocorrer ao mesmo tempo”, detalha Ivênio.
Mas afinal, o que esses enfezamentos causam no milho?: “Esses enfezamentos vão atuar dentro dos vasos condutores da planta e na medida que o tempo passa vai afetar todo o equilíbrio fisiológico da planta, vamos ter encurtamento dentre nós, vamos ter problema na altura das plantas, nós vamos ter, finalmente, amarelecimento, envermelhamento, dependendo de qual enfezamento ocorrer e a planta pode vir a a morrer, secar completamente e existe algumas situações onde tem até tombamento de plantas, só que aí a gente costuma dizer que está potencializado o efeito do enfezamento com outros fungos oportunistas. Então são todos efeitos secundários, mas efeitos que o produtor está sentindo diretamente em suas plantações, está visualizando com muita facilidade porque a cigarrinha se espalhou como eu disse em todo o território nacional”, diz o pesquisador.
Outra dúvida dos produtores é se há um período específico em que a cigarrinha se reproduz na lavoura de milho: “A gente sempre ressalta que quanto mais nova a planta for mais problemas vai ter. E a cigarrinha ela tem esse comportamento, ela vai sempre migrar de lavouras velhas pra lavouras mais novas. Então, a partir do momento que eu estou ali mesmo antes da primeira folha desenvolvida, já é comum a gente observar a cigarrinha na lavoura. E ela vai atacar principalmente ali até em torno do V4 que é quatro folhas totalmente desenvolvidas. Então essa altura ela passa a ser um marco para gente monitorar, para gente observar porque é onde vai concentrar e onde ela vai transmitir e onde o perigo vai ser maior para o produtor, porque durante algum tempo se for para silagem mais uns dois meses, se for para colheita até um pouquinho mais do que isso, essa planta vai ficar infectada. Vai desenvolver um enfezamento e vai ser uma uma porta de contaminação para outras cigarrinhas chegarem e succionarem aquela planta que está com a doença e transmitirem pra lavoura inteira”, detalha Ivênio.
O ideal é que o produtor fique de olho na lavoura durante todo ciclo de produção, mas o processo inicial é o mais importante para combater a cigarrinha: “A gente precisa ter cuidado na em qualquer idade da lavoura, mas principalmente concentrar os nossos esforços ali no início do plantio. Logo após a germinação e lembrando que antigamente a gente conseguia monitorar pra essa, ver se essa cigarrinha chegasse na lavoura, a gente estivesse preparado. Hoje, infelizmente, na maioria dos casos, a cigarrinha já está presente dentro da lavoura. Então, a gente precisa
estar atento em todos os momentos porque dificilmente a gente está encontrando uma lavoura sem a presença da cigarrinha em menor ou maior quantidade”, finaliza o pesquisador.
(Débora Damasceno/Sou Agro)